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No Rio, novo procurador-geral de Justiça promete intensificar ação contra milícias

Se depender da vontade do novo procurador-geral de justiça do RJ, Luciano Mattos, as milícias da capital não terão vida fácil. Em entrevista coletiva nesta sexta (15), após a cerimônia de posse no cargo, Mattos comentou que pretende endurecer a atuação e que os grupos de investigação serão qualificados. 

“As milícias têm avançado muito em nosso estado. Vamos fazer um planejamento nessa área de atuação coletiva. Nós temos vários grupos de atuação, mas faremos uma qualificação do trabalho coletivo. A questão da milícia é extremamente grave e importante que a atuação coletiva no combate a elas, seja feita não somente na ótica criminal mas, também, conjugando com outras áreas do Ministério Público que podem fornecer elementos para enfrentar esse tipo de crime”, afirmou o procurador. 

No ano passado, um estudo feito pelo Grupo Estudos dos Novos Ilegalismos da UFF (Universidade Federal Fluminense), o aplicativo Fogo Cruzado, o NEV-USP (Núcleo de Estudos da Violência da USP, a plataforma Pista News e o Disque-Denúncia apontou que o controle territorial das milícias na cidade do Rio de Janeiro já é maior que o do tráfico de drogas.

O levantamento mostrou que as milícias controlam atualmente 57,5% do território da capital fluminense. 25,2% do território está em disputa, 15,4% está sob controle do tráfico e apenas 1,9% não sofre influência de grupos criminosos.

Mattos tomou posse na manhã desta sexta na sede do MP-RJ em cerimônia reservada a um pequeno grupo de familiares e autoridades – entre elas, o governador em exercício do RJ, Cláudio Castro.

Escolhido para exercer o cargo nos próximos dois anos, Luciano Mattos foi o mais votado entre os pares para integrar a lista tríplice. Nas eleições, no mês passado, recebeu 546 votos, contra 501 da procuradora Leila Costa e 427 do promotor Virgílio Stravidis. Mattos substitui a vaga deixada por Eduardo Gussem.

Na coletiva de imprensa, o novo procurador-geral foi perguntado sobre sua atuação em casos de relevância, como a investigação das mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, além das “rachadinhas” na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, em que o senador Flávio Bolsonaro – deputado estadual à época dos fatos apurados – é um dos investigados. 

“Nós fizemos uma reunião preliminar e ainda não tive conhecimento de todos os casos, são inúmeros, mas, pelo meu histórico de atuação como promotor de justiça, serão objetos de uma atenção própria e especial, e nós vamos conduzir, como sempre conduzi todas as investigações ao longo da minha carreira, com muita independência e trabalhando com muito afinco”, disse. 

Com 25 anos de atuação no MPRJ, Luciano Mattos de Souza ingressou na instituição em 1995. Acumulou experiência como titular nas Promotorias de Justiça em São João da Barra, Cabo Frio, na Central de Inquéritos, até assumir a Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa do Meio Ambiente de Niterói. Foi presidente da Associação do Ministério Público (AMPERJ) por seis anos, sendo reeleito duas vezes pela classe.


(*Com informações da CNN Brasil)

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