A segunda edição do evento “Agro em Debate”, realizado em Goiânia no dia 7 de agosto de 2024, consolidou-se como um marco no calendário do agronegócio brasileiro.
O evento foi organizado pelo escritório João Domingos Advogados Associados, com o apoio da Associação Brasileira de Defesa do Agronegócio (ABDAGRO) e da BR Fazendas.
Esse encontro reuniu mais de 1.500 participantes, entre produtores rurais, advogados e especialistas da agropecuária, para discutir os desafios e as perspectivas econômicas do agronegócio para os próximos anos.
O destaque do evento foi a participação de Paulo Guedes, ex-ministro da Economia do governo Bolsonaro, cuja palestra trouxe uma análise aprofundada sobre o cenário global e nacional, com foco nas implicações econômicas para o agronegócio brasileiro.
A palestra de Guedes foi bastante aguardada, e ele não decepcionou os participantes presentes ao abordar temas complexos com uma visão crítica e, ao mesmo tempo, otimista para o futuro.
O evento
Desde a sua primeira edição, realizada em maio de 2024, o “Agro em Debate” tem se destacado como um dos eventos mais relevantes para o setor agropecuário no Centro-Oeste.
Leandro Marmo, CEO do escritório João Domingos Advogados e idealizador do evento, destacou a importância dessa iniciativa, afirmando que “cada edição reafirma a necessidade de encontros como este para o fortalecimento e a inovação do agronegócio brasileiro”.
O evento tem como objetivo principal proporcionar um espaço de discussão e aprendizado para os profissionais do agronegócio, abordando temas críticos como crises financeiras, climáticas e de informação que afetam diretamente o setor.
A presença de figuras influentes como Paulo Guedes mostra o compromisso do “Agro em Debate” em oferecer visões valiosas para os participantes.
Impactos das palestras para o público
Essa última edição do “Agro em Debate” foi marcada por um tom de urgência e reflexão aos participantes.
Leandro Marmo, em sua fala, destacou a gravidade da situação enfrentada por muitos produtores rurais brasileiros, apontando o seguinte:
“A cada dez produtores rurais, nove não estão conseguindo e não vão conseguir pagar todas as suas dívidas com a sua produção”.
Marmo explicou que o setor, que já vinha lutando contra desafios históricos, viu sua situação se agravar após a pandemia de Covid-19.
Isso porque com o aumento substancial dos preços das commodities, ocorreram altos investimentos e gerou expectativas, mas ocasionou o endividamento dos produtores.
Roberto Junqueira, um dos palestrantes, compartilhou uma perspectiva pessoal sobre as dificuldades enfrentadas no campo, ressaltando a importância da fé e da boa gestão jurídica para superar as adversidades.
Ele elogiou o trabalho do escritório João Domingos Advogados, referindo-se a Leandro Marmo como “o escudo do agro” pela dedicação e honestidade com que tem defendido os interesses dos produtores rurais.
Raphael Barra, presidente da ABDAGRO, trouxe à tona a questão da representatividade e da defesa dos interesses dos produtores rurais.
Ele criticou a falta de apoio das grandes entidades do setor em momentos importantes para os produtores, como na oposição à taxação do agro pelo governo estadual de Goiás.
“Nós estamos aqui na defesa de quem produz. Isso é muito sério”, afirmou Barra, convocando os presentes a se unirem à ABDAGRO para fortalecer a luta pelos direitos do setor.
Karla Brum, líder da reestruturação de passivos do escritório João Domingos Advogados, destacou a crise de endividamento que assola o agronegócio.
Ela apresentou a recuperação judicial como uma ferramenta jurídica fundamental para ajudar os produtores a reestruturar suas dívidas e evitar a perda de seus patrimônios.
Brum emocionou o público ao relatar casos de produtores rurais que, desesperados, chegaram a considerar tirar a própria vida devido às dívidas quase insustentáveis.
Ela enfatizou que “com a ajuda de Deus e as ferramentas jurídicas disponíveis, é possível encontrar soluções para superar essa crise”.
Paulo Guedes trouxe uma visão global para o agronegócio brasileiro
A palestra de Paulo Guedes foi, sem dúvida, o ponto alto do evento.
Com seu estilo característico, Guedes apresentou uma visão ampla sobre o cenário econômico mundial, destacando as transformações que têm impactado o Brasil e o mundo nos últimos 80 anos.
Ele argumentou que o Brasil, que já esteve entre as economias que mais cresceram no século XX, viu seu crescimento desacelerar nas últimas décadas devido a modelos econômicos ineficazes e à perda de competitividade.
Guedes fez um paralelo entre o desenvolvimento das democracias liberais e as economias de mercado, as quais, segundo ele, foram responsáveis por tirar bilhões de pessoas da miséria ao redor do mundo.
Ele ressaltou que o agronegócio brasileiro, apesar de ser um dos mais produtivos do mundo, enfrenta desafios enormes para competir em um cenário global cada vez mais competitivo.
“Você bota a bola de ferro na perna direita do empresário em forma de imposto. Você bota a bola de ferro na perna esquerda do empresário em forma de encargos sociais e trabalhistas. E nas costas você coloca a burocratização, juros altos, etc. Aí abre a jaula e fala assim: agora corre e compete com os chineses”, disse Guedes, em uma forte crítica às políticas que, segundo ele, têm prejudicado o crescimento do setor.
O ex-ministro também abordou as implicações das tensões geopolíticas globais para o Brasil, especialmente no que diz respeito às relações comerciais com grandes potências como China e Estados Unidos.
Ele destacou que, para o agronegócio brasileiro prosperar, é necessário investir em inovação, eficiência e na adoção de políticas que promovam a competitividade e a abertura econômica.
Reflexões e caminhos para o futuro
O segundo “Agro em Debate” cumpriu seu papel de ser um espaço de reflexão profunda e troca de conhecimentos entre os participantes.
As falas dos palestrantes, especialmente de Paulo Guedes, trouxeram uma análise crítica e realista dos desafios enfrentados pelo agronegócio brasileiro, ao mesmo tempo que apontaram caminhos para superar as adversidades.
O evento reforçou a importância da união e da organização dos produtores rurais, advogados e demais profissionais do setor para enfrentar os tempos difíceis.
Como concluiu Leandro Marmo, “não tem como você voltar ao passado e fazer um novo começo, mas tem como você começar agora e fazer um novo amanhã”.
